segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ao infinito e além

As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
E em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas
Daqueles reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei de Morte libertando
– Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte. (...)


Primeiras duas estrofes d’Os Lusíadas, de Camões

Ao trocar algumas palavras destes versos, pode-se classificá-lo como um desafio a todos os exploradores, inclusive aos astronautas.

A obra camoniana exalta um poderio naval português brilhante. Enquanto as aventuras das descobertas renascentistas reorganizavam a mente européia aproximando as pessoas de si mesmas de maneira mais humanista, as navegações luso-espanholas reposicionavam o homem no seu planeta. Os novos conquistadores enfiavam-se em naus à procura de riqueza, glória e conhecimento. Nos fins do século XV, os portugueses e espanhóis duelavam para assegurar sua expansão global. O Tratado de Tordesilhas é um acordo que expõe essa “Guerra Fria” da Era Moderna cujo período estava recheado de incertezas acerca de tais viagens suicidas com seus monstros marinhos e a ira de Deus (ou deuses). Os navegadores partiram porque valia à pena e suas almas não eram pequenas.

Como um ciclo da vida, quinhentos anos mais tarde, Estados Unidos e União Soviética participaram de um mesmo duelo pela conquista do espaço. Homens ambicionavam sua posição no Universo carregando uma bagagem de centenas de milhares de anos de conhecimento; por sua vez os estados antagônicos travavam uma dura batalha político-científica pela supremacia na Mãe Terra.

Hoje, dia 20 de Julho, faz 40 anos que o homem conseguiu pisar na Lua conquistando um de seus antigos deuses mitológicos. Nem é preciso mencionar as controvérsias do assunto. Contudo ressalta-se que a viagem ao espaço ainda está longe de ser fato para o humano comum. Apenas militares selecionados e gente endinheirada podem fazer uma visitinha na órbita terrestre.

O ano de 2001 passou sem que pudéssemos dançar valsas através de naus exuberantes. Outros fatores mudaram os planos. As viagens fantásticas continuam a sê-las na imaginação porque atualmente estamos mais preocupados em como será o futuro do planeta por questões de sobrevivência. E por enquanto não poderemos escapar daqui tão facilmente.

Assisti a poucos filmes de ficção-científica espacial, portanto, não há muitas obras antigas ou em preto e branco. Mas há poucas que podem ser levadas a sério como também existem números baixos de produção sobre o nosso Sistema Solar. Assim deixo esta seleção acerca do espaço para apreciar e/ou pensar:

2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick
Um monólito negro surge na pré-história interferindo na atividade do planeta com emissão de uma civilização extraterrestre. Milhões de anos depois, ele surge em Júpiter e afeta alguns astronautas. Logo, uma equipe é enviada para investigar. Dentro de uma nave totalmente controlada pelo computador HAL 9000, a situação mostra-se cada vez mais aterrorizante já que a inteligência artificial tenta assumir o controle da missão. Simplesmente, o mais completo filme de ficção-científica no espaço. Às vezes pode ser moroso, por isso , deve-se assisti-lo com atenção.



Aliens – O Resgate (1986), de James Cameron
Após um primeiro capítulo bem finalizado por Ridley Scott, Cameron teimou em fazer uma seqüência. O sucesso foi estrondoso e o clima tão absurdamente sinistro quanto o do filme anterior. Depois de ficar à deriva por anos, a Tenente Ripley volta a enfrentar monstrengos babões com a ajuda de uma equipe militar de elite para resgatar dezenas de pessoas de uma colônia planetária atacada pelos aliens. Esta obra deu brecha para várias cópias fracas.

Apollo 13 (1995), de Ron Howard
História real dos tripulantes da nave Apollo 13 que sofreu uma pane durante missão à Lua. Com ajuda da NASA, os três astronautas retornaram no veículo avariado com várias chances de se perderam pelo caminho. Além disso, não tiveram tanto reconhecimento quando foram para o satélite, mas devido às circunstâncias, voltaram como heróis.





Cowboys do Espaço (2000), de Clint Eastwood
Por pura politicagem, um quarteto de pilotos é posto de lado num projeto de viagem espacial. Anos depois e já idoso, o líder (Eastwood) é convocado para consertar um satélite russo dos tempos de Guerra Fria. Ele concorda em ir até lá com seu grupo ao invés de fazer tudo por computador. O filme veio na onda da segunda experiência de John Glenn, aos 77 anos, em órbita terrestre em 1998.




Da Terra à Lua (1998), de Michael Grossman
A minissérie conduz a história da conquista da Lua pelos Estados Unidos através de muitos personagens que possibilitaram o acontecimento de 1968. Para comemorar os 30 anos do episódio, Tom Hanks produziu doze capítulos acerca da corrida espacial.






Os Eleitos (1983), de Philip Kaufman
Durante a corrida espacial, um grupo de astronautas é apresentado como heróis estadunidenses para a conquista do espaço. Infelizmente, nem todos conseguem o estrelato. Além de contar com emoção os casos da NASA, o roteiro mostra também a vida de um herói solitário no meio do deserto quebrando recordes de altitude com seus testes em aviões supersônicos.




Missão: Marte (2000), de Brian De Palma
Quatro astronautas são enviados ao planeta Marte para investigar o que ocorreu com a missão da nave anterior. Relativo sucesso de bilheteria que teve um concorrente indireto lançado no mesmo ano que se deu mal: Planeta Vermelho. Contudo, esta obra de DePalma não é o melhor representante (leia-se, filhote) da filosofia de Kubrick. Deixa a desejar em muitos aspectos e é chato. Os efeitos da evolução da Terra são bacanas, mas é pouca coisa.




Outland – Comando Titânio (1981), de Peter Hyams
Transferido à colônia mineradora de Io, satélite de Júpiter, um patrulheiro espacial investiga as causas da morte de diversos trabalhadores – algumas de maneira violenta. Lá, descobre uma anfetamina que deixa as pessoas ligadas até não agüentar mais. Com poucos aliados, o patrulheiro passa a ser alvo de assassinos. Típico de alguns seres humanos colonizarem tudo o que se vê e lucrar com a fraqueza alheia mesmo em outros planetas. Bom ritmo de suspense, mas com um final óbvio.


Serenity (2005), de Joss Whedon
Continuação da série de TV Firefly em forma de longa-metragem. Os combates humanos travados no planeta natal agora são realizados no espaço. A história ocorre alguns anos depois da Guerra de Unificação. O capitão da nave Serenity participou do acontecimento, mas estava no lado perdedor; agora vive de assaltos com sua tripulação. Quando o médico da equipe resgata sua irmã, todos ficam em perigo, pois a garota faz parte de um programa da Operativa, uma espécie de governo espacial. O filme mostra o porquê da existência dos assassinos canibais, Reavers.


Star Trek (2009), de J.J. Abrams
No futuro, o ser humano é unido em seu planeta e seus inimigos agora vivem no espaço. Há muitas cenas de preconceito, principalmente relacionadas a Spock. A idéia de recomeço da saga Jornada nas Estrelas é levada ao limite, pois os acontecimentos do filme sugerem uma linha nova com infinitas possibilidades ao contar a história dos exploradores da nave Enterprise. Não há Terra destruída e os humanos sempre retornam para casa. O que vale é a exploração, assim como, os navegantes lusitanos faziam.



Sunshine – Alerta Solar (2007), de Danny Boyle
Grupo de sete cientistas percorre um longo caminho até o Sol para bombardeá-lo e aumentar a profusão de seu calor que aos poucos se extingue. A missão dá errado quando eles resolvem resgatar a nave anterior que tinha o mesmo objetivo e está à deriva. Boa construção narrativa, mas, durante o clima de terror, a montagem incomoda. Os melhores momentos estão na observação ao planeta Mercúrio e o vício pela luz solar de alguns tripulantes.




Titan A.E. (2000), de Don Bluth e Gary Goldman
O planeta é atacado por uma raça alienígena e completamente destruído. Os seres humanos espalham-se pelo espaço sendo tratados como ralé de muitos outros povos. O filho de um cientista é a chave para se encontrar outro lugar para sua raça sobreviver. Inicialmente, ele reluta, mas decide realizar a perigosa tarefa. A animação foi um fracasso de bilheteria, mas tem bons momentos.




Viagem à Lua (1902), de Georges Méliès
Inspirado pelo romance de ficção de Júlio Verne, a obra conta a história de cinco astrônomos que aterrissam no satélite dentro de uma cápsula lançada por um canhão gigante. Lá são aterrorizados pelos selenitas; conseguem fugir e chegam seguros a Terra. Considerado o primeiro e mais velho filme da história do cinema. Para quem gosta de coisa antiga é muito divertido.





O Vingador do Futuro (1990), de Paul Verhoeven
Homem de classe média tem pesadelos com o planeta Marte. Ele decide realizar uma viagem mental pelo lugar, mas algo dá errado e diversas pessoas estão à sua procura. Logo, investiga a si próprio indo até a colônia humana fincada no planeta vermelho. A obra choca pelo excesso de violência, mas a história é espetacular e se não ficar atento vira uma bola de neve.




Wall-E (2008), de Andrew Staton
Um pequeno robô-empilhadeira vive há 700 anos na Terra acumulando montanhas de lixo num planeta quase morto. Uma nave aterrissa e deixa um ser artificial mais desenvolvido, EVA, para investigar o lugar. Ambos se conhecem e quando EVA é forçada a ir embora, Wall-E a persegue. Impactante do começo ao fim, essa pérola demonstra o quanto o homem pode destruir sua casa sendo que o necessário seria apenas cuidar dela.

Um comentário:

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