quarta-feira, 24 de junho de 2009

Ilha das flores

Maquiavel escreveu que o homem não é um ser social como a formiga; viver em sociedade é uma questão de interesse. E o diretor Jorge Furtado lida com esse homem ambicioso no curta-metragem Ilha das Flores cujo pretexto é informar um assunto conhecido do público geral, mas quase sempre ignorado ou esquecido por essa gente: a miséria do seu semelhante, algo que não deveria existir, mas que está espalhado em todo o mundo.

A partir da “odisséia” de um tomate, Furtado parece estabelecer uma conexão entre o pensamento de Maquiavel e a base do capitalismo. Existe um interesse mercantil dos personagens e suas vendas para a própria sobrevivência através de informações que, de início, não fazem muito sentido, mas logo são facilmente compreendidas e assimiladas pelo espectador já que muitos substantivos ali são aprendidos durante o período escolar.

Além disso, esses dados surgem com uma fluidez excessiva e veloz, saturando qualquer um e, ao mesmo tempo, desvendando a coisificação humana dentro deste contexto social-mercadológico atual. Assim, para não se esquecer do homem pulsando vida, o narrador sempre aponta os novos personagens que se destacam como possíveis seqüelas da coletividade.

O caso quase surreal é, na verdade, baseado em fatos reais; a tal Ilha das Flores existe e lá se encontra um depósito de lixo dentro da região metropolitana de Porto Alegre. Poderia ser em qualquer outra grande cidade do Brasil e até do resto do mundo, contudo, o lance está na degradação do ser humano onde o fator mais impressionante se relaciona a porcos sendo melhor alimentados do que mulheres e crianças. E qual a diferença dessas pessoas para com qualquer outro personagem mencionado?





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