quarta-feira, 24 de junho de 2009

Michael Crichton: 1942-2008

Em 3 de Julho de 1993, numa tarde de sábado, assisti a Jurassic Park no cine Comodoro, em São Paulo, depois de ficar duas horas na fila esperando o local abrir as portas. Tinha então onze anos e estava ansioso para ver os dinossauros que tanto fascinam as pessoas e nunca haviam sido interpretados de maneira tão real pelo cinema.

Foi uma experiência única, principalmente à época, pois esse tipo de filme ainda impressionava o público e os recordes de bilheteria expressavam isso com salas lotadas por mundo afora. E os efeitos visuais dominaram de maneira espetacular e fugaz trazendo animais vivos irreais ao nosso mundo e auxiliando o reino da ficção-científica a sondar novas maneiras de interpretar a genética e as moléculas de DNA. Saí extasiado do cinema. Infelizmente, não tive a oportunidade de repetir essa sensação na tela grande.

Meu fanatismo pelo filme e por dinossauros aumentou significamente. Comprava livros, álbuns de figurinhas; até hoje possuo o dinossauro que brilha no escuro oriundo de uma coleção de revistas lançadas pela Editora Globo. Contudo, demoraram três anos para ler o livro ao qual o filme foi baseado – isso porque o tinha desde 1992, um ano antes da obra de Steven Spielberg chegar às telas. Mas li; com vontade, num espaço de três dias. Devorei o artefato. Virou livro de cabeceira. E afinal por que toda essa devoção?

Ontem faleceu Michael Crichton, o autor dessa obra-prima. Ele lutava contra um câncer não identificado. Uma grande perda para a literatura e para o cinema. Através dele e de seu Parque dos Dinossauros que conheci a Teoria do Caos, além de acrescentar à minha formação pessoal conceitos de engenharia genética, de DNA, de competição entre empresas de biotecnologia, de ficção-científica.

Depois que se lê a obra, o filme parece cheio de buracos, pois lhe é subtraído muita informação interessante. Mesmo assim, o livro também vira um complemento mais aprofundado do que o cinema não poderia incluir, senão ficaria arrastado. Isso acontece com qualquer adaptação, a todo momento. Assimilar duas mídias distintas era novidade pra mim como leitor-espectador e um tipo de experiência diferente e interessante.

Apesar de Crichton ter muito mais livros sobre assuntos diferentes, mas que estão fincados na ficção-científica, não tive a possibilidade de lê-los ainda. Julgo a mim que devo fazer para melhor conhecer as nuances em que este escritor perambulava em suas narrativas. Desta forma, fica minha homenagem a esse autor que me introduziu a um mundo novo em que homens e dinossauros puderam enfim olhar um para o outro e conviver juntos mesmo que não tenha sido da melhor forma.

PS: Apesar de ter morrido no ano passado e o texto também ser da mesma época, eu o republiquei aqui.

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